MARAVILHOSAS OBRAS DE RODIN ANJO E O PENSADOR
Ao receber uma encomenda do governo francês em 1880 para fazer um portal que figuraria na entrada do Museu de Artes Decorativas de Paris, cujo tema era "A divina comédia", de Dante Alighieri, Auguste Rodin (1840-1917) teve a idéia de iniciar um ambicioso projeto a que deu o nome de "A porta do Inferno".
O artista pretendia fazer uma enorme série de esculturas tematizando os versos de Dante e representando os personagens do poema, mas nunca chegou a finalizá-lo, apesar de esboçar cerca de 200 peças. No entanto, obteve inspiração para produzir seu trabalho mais famoso: "O pensador".
Com 800 quilos e quase quatro metros de altura, a escultura é um dos 25 exemplares da obra existentes no mundo. Durante sua vida, Rodin permitiu que suas obras fossem reproduzidas sem qualquer controle - "O beijo", por exemplo, teve diversas tiragens - e, um ano antes de morrer, deu ao Estado francês a custódia de sua obra e direitos de reprodução.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, o Museu Rodin (fundado em 1908) regulamentou o processo, distinguindo as edições originais das posteriores. Estes 25 exemplares do "O pensador" integram uma única tiragem da obra referendada pela instituição, feitas a partir do modelo de gesso de goma laqueado por Eugène Rudier, fundidor de Rodin a partir de 1902.
Sem perda de qualidade
A escultura de bronze, criada a partir de um molde de gesso, ao contrário dos trabalhos em mármore, pode ser reproduzida sem qualquer decréscimo de qualidade. "Cópia não é o termo adequado para se denominar essa série de 25 reproduções. Os moldes de gesso permitem que se obtenha obras autênticas e o artista optou pelo bronze em detrimento do mármore justamente para permitir essas reproduções", destaca o organizador Romaric Sulger Büel.
"O pensador" original tinha apenas 72 centímetros de altura e foi exposto pela primeira vez em 1888, em Copenhague, com o título de "O poeta". A estátua representava Dante em frente aos portões do Inferno, ponderando sobre seu poema e transfigurando seus sonhos num ato de criação. No ano seguinte, a obra recebeu o nome de "O poeta pensador", para depois se tornar apenas "O pensador".
Em 1902, o escultor decidiu aumentar as proporções do trabalho e, utilizando-se de uma técnica criada por Henri Lebossé, o ampliou para 1,83m e acrescentou-lhe um pedestal de 1,63m. Dois anos depois - há exatamente um século - a estátua monumental tinha sua primeira exibição pública.
É irônico que François Auguste René Rodin tenha sido rejeitado pela Escola de Belas-Artes da França por três vezes. Apesar do obstáculo inicial, o artista parecia fadado ao sucesso, já que seu trabalho para empresários de decoração o levou se tornar aprendiz de Carrier-Belleuse, que o levou à Itália em 1875, onde conheceu e foi inspirado pela arte renascentista de Michelangelo e Donatello.
Numa viagem a Londres, em 1882, Rodin conheceu os trabalhos de artistas contemporâneos que, inspirados pelas pinturas e poemas de William Blake, ilustravam a obra de Dante. Outra grande referência para o escultor foi o trabalho de Botticelli, o primeiro grande artista a retratar os cenários da "A divina comédia".
A encomenda do governo francês veio a calhar, reunindo todas essas influências sob um único objetivo e abastecendo a imaginação do artista por quase 40 anos, durante os quais ele fez diversos trabalhos pensando nos versos de Dante.
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
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Olha, me amarro em história, mas sou péssimo em se tratando do tema artes! Mas achei deverás interessante a forma como foi concebido "O Pensador" e ainda a maneira natural como Rodin liberou a sua reprodução, demonstrando haver ali um ser que não era o dono da criação e sim um ser sabedor que vale mais a inspiração! Parabéns pela escolha do tema!
ResponderExcluirAbraços renovados!